Review | No Heroes Here – Como proteger seu castelo com amigos (ou enlouquecer tentando sozinho)

Noobland era um reino muito próspero e poderoso, tendo uma reputação ameaçadora. Certo dia, uma força do mal colocou o reino em perigo, e seu rei entrou em guerra para proteger seus domínios. De posse de seu medalhão, ursinho de pelúcia (sim, um ursinho de pelúcia) e coroa, o regente derrotava tudo e todos pelo caminho. Porém, os lendários itens foram perdidos, e Noobland sofreu diante de tamanha catástrofe. Um grande cavaleiro foi enviado pelo rei, como o último herói do reino, para resgatar os amuletos. Depois de enfrentar diversos perigos, o jovem herói finalmente chegou ao final de sua jornada. O fantasma do guerreiro então incube o jogador, por ele chamado de não-herói (daí o título do jogo), de recuperar os itens do rei. É com essa premissa cômica que No Heroes Here apresenta seu tímido enredo, que funciona mais como um pano de fundo para o gameplay que ocorre no modo Local Play. O jogo foi desenvolvido pelo estúdio brasileiro Mad Mimic Interactive, de São Paulo. Por meio de um edital da agência de cinema do Estado, a Spcine, os desenvolvedores puderam trazer ao PC, e em breve ao PS4, Xbox One e Nintendo Switch, seu charmoso projeto.

O menu do jogo é animado, apresentando um visual chamativo e uma interface bem trabalhada, que se assemelha a torre de um castelo.

O jogo se divide em duas modalidades, o Local Play, já citado anteriormente, em que até quatro jogadores podem jogar juntos para defender o castelo, podendo ser selecionado uma dificuldade normal ou a recém-adicionada hardcore, e o Online Play, onde você pode entrar em salas para jogar com outros jogadores ao redor do mundo. Vamos começar falando do modo local.

O mapa apresenta fases principais, além de desafios extras e o chefão.

O modo local apresenta um modo história simples, com a premissa apresentada no primeiro parágrafo. O jogo apresenta três reinos, com dezoito fases cada, sendo cinco desafios extras e a fase do chefão. A progressão das fases é muito interessante, apresentando um Level Design bem planejado para que a movimentação pelo castelo seja rápida, fluída e dinâmica, abrindo ao jogador possibilidades para que ele trace rotas através dos locais onde se coletam recursos para produção dos materiais para uso dos canhões. A cada fase, o layout do castelo se modifica, desafiando o jogador a se adaptar novamente e buscar o trajeto mais rápido. Até mesmo novos obstáculos surgem, como uma esteira que deve ser operada por um personagem enquanto o outro anda por ela para alcançar outro trecho do castelo.

A jogatina é intensa, e exige que o jogador gerencie os canhões de forma inteligente, já que a produção dos materiais exige tempo precioso.

Falando dos canhões, o gameplay funciona da seguinte forma: ondas de inimigos atacarão seu castelo, e você deve defendê-lo matando os inimigos com os tiros de canhão. A questão é que os jogadores devem fabricar a pólvora e as balas para poder atirar, e limpar o canhão após disparar para que ele possa ser recarregado. A pólvora é produzida retirando-se a matéria prima do barril de madeira e a levando e trabalhando em uma das workbenchs espalhadas pelo castelo. A bala de canhão, no entanto, deve ter sua base de ferro retirada da caixa, levada ao forno e só então trabalhada em uma workbench. Há ainda um tiro de mel, que atrasa os inimigos, sendo um elemento essencial em certas batalhas, como as boss battles. Todo esse processo ocorre enquanto os inimigos te atacam, obrigando você a gerenciar quais canhões devem ser abastecidos primeiro. Mesmo jogando sozinho, dois personagens estarão disponíveis para uso, sendo possível trocar entre eles a qualquer instante com o simples apertar de um botão. Esse é outro fator importante para a estratégia, já que cada segundo economizado pode fazer a diferença entre sua vitória ou sua derrota.

 O primeiro boss é um verdadeiro presente de grego – ele exige que você se utilize de todas as mecânicas que aprendeu até agora, já que somente atirar não irá causar dano.

Ao final de cada fase, uma tela com os resultados da partida é mostrada: quantidade de tiros dados, quantidade de materiais produzidos, o dano causado ao castelo por cada tipo de inimigo e outras informações especiais, como inimigos com buff e o dano causado por eles.

Uma animação com os vitoriosos da partida acontece na tela de vitória – os inimigos também possuem uma.

A dificuldade de jogar o game sozinho é alta, sendo necessárias muita coordenação e estratégia para conseguir lidar com todos os inimigos antes que seu castelo sucumba. O game foi realmente planejado para ser jogado em coop. Em dois ou mais jogadores, especialmente em gameplay local, já que resgata aquela velha sensação de trazer seus amigos em casa para jogar videogame e comer besteiras.

Esta é a situação de todos os servidores – abandono completo.

O modo online é onde o jogo realmente deveria brilhar, considerando o foco coop – deveria, já que todos os servidores estão completamente vazios. Desde o recebimento da cópia até o fechamento deste review, diversas tentativas foram feitas, mas os resultados eram sempre os mesmos, não havia ninguém com quem compartilhar uma partida. Uma pena. O jogo acaba limitado a uma jogatina local, ou online combinada com amigos.

No geral, No Heroes Here é um título bastante divertido e desafiador. Mesmo jogando sozinho, o título não passa cansaço, mas pode frustrar pela dificuldade dependendo de seus reflexos. Contudo, alguns bugs ocorreram durante os testes para esse review. Por vezes, alguns comandos do controle deixaram de responder. Em uma das inicializações, o game entrou direto na tela de local play, sem passar pelo menu principal. Em outra jogatina ainda, o boss simplesmente ignorou o castelo e continuou andando além da tela, me obrigando a reiniciar o game. Falhas técnicas que não tiram o mérito do game e de suas mecânicas cativantes. É uma experiência completamente recomendável, especialmente se tiver aquele pessoal para jogar junto. Caçe um grupo de amigos e se divirta!

PRÓS: Gameplay dinâmico e cativante, com fases bem pensadas e variadas

CONTRAS: Pequenos bugs que eventualmente podem atrapalhar a experiência; servidores vazios que podem encurtar o gameplay caso esteja jogando sozinho.

No Heroes Here

Desenvolvedor: Mad Mimic Interactive

Lançamento: 2017

Plataforma: PC (PS4, XONE e Switch futuramente)

Gênero: Tower Defense/Ação-Aventura

NOTA FINAL: 8.5

Este review foi realizado com uma cópia digital cedida pelo estúdio do game.

Post Author: Renan da Silva Dores

Renan é um desenvolvedor de jogos recém-formado pela PUC-SP, e joga desde que se entende por gente. Tem mais afinidade pelos exclusivos da Sony, mas se tivesse dinheiro o suficiente, teria todas as plataformas sem pensar. Ama ler, ouvir música, e é um aficionado por tecnologia, sendo secretamente um replicante (Cyberpunk na veia). Atualmente, dá aulas de inglês enquanto caça uma oportunidade no ramo de jogos.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *