ANÁLISE | Trine 4: The Nightmare Prince*

O retorno dos heróis de Trine vem acompanhado de cenários desafiadores e cheios de vida

 

Trine é um jogo de plataforma 2,5D com foco na resolução de puzzles para a progressão da história, disponível para Xbox, PlayStation, Nintendo Switch e PC. O jogo em questão já é o quarto da série, desenvolvido pela Frozenbyte. Lançado pouco mais de dez anos depois do primeiro título, Trine 4: The Nightmare Prince, mantém os elementos já conhecidos da franquia, como os gráficos muito bem trabalhados nas cores saturadas e uma jogabilidade extremamente amigável e adiciona novos elementos à jogatina, mas a essência permanece a mesma.

O jogador tem a oportunidade de matar a saudade (ou de conhecer) dos três heróis da saga: Amadeus, o Mago, Pontius, o Cavaleiro e Zoya, a Ladra. A missão agora é resgatar o jovem príncipe Selius, que está tomado por uma magia que dá vida a todos os pesadelos de quem se aproxima dele, inclusive os pesadelos do próprio príncipe.

Cada herói tem a sua própria personalidade e propósitos, apresentados logo de início. Amadeus tem um vínculo muito especial com a magia e em alguns momentos do jogo apresenta medo do que está por vir. Pontius é um guerreiro sempre pronto pra batalha, com uma grande fome por tortas. E Zoya rouba joias e quadros nas horas vagas, mas tem seu lado de ajudar sem pedir muito em troca, além dos tesouros encontrados ao longo da jornada.

 

Eu testei Trine 4 por um mês, mesmo tendo recebido a cópia antes do lançamento oficial, pois queria explorar o máximo possível, aproveitar a nostalgia da franquia e ter uma experiência mais próxima da realidade presente para o consumidor final, que só pôde adquirir uma cópia a partir do dia 07 de outubro. Ao longo deste mês a desenvolvedora lançou alguns patchs e já foi possível sentir uma diferença de performance no PC quando comparado o dia do lançamento com jogabilidades anteriores. No fim desta análise você pode conferir os requisitos mínimos para o PC.

Apesar de ser um novo título, o início de gameplay segue exatamente a mesma fórmula de todos os jogos anteriores: você joga por alguns minutos com cada herói individualmente, como uma forma de tutorial e no fim cada um será convocado para a missão que guia o jogo, que nesse caso, é salvar o príncipe Selius. A missão é diferente, mas a forma de apresentar os personagens e o jogo em si, é a mesma para qualquer Trine.

Ao longo de 18 capítulos o jogador irá guiar os heróis de formas únicas. Cada um pode ter uma experiência diferente na missão de resgatar o príncipe, com tempos de jogatina que também podem variar, dependendo do que você quer explorar: apenas a história ou ir atrás de todos os colecionáveis, puzzles e pontos escondidos. Eu joguei aproximadamente uma hora por dia e cheguei perto das 30 horas de campanha, não tendo conseguido resolver todos os puzzles extras (alguns são bem complicados e vão exigir muita criatividade).

Improviso e tentativa guiam a jogatina. Não há um caminho pré definido para resolver a maioria dos puzzles ou até mesmo seguir adiante no cenário. Esse para mim é o ponto mais positivo de toda a franquia. Trine permite que você encontre e desenvolva a sua própria forma de progredir, exigindo sempre que você se adapte a novos cenários, combates e desafios.

A arte desse jogo continua merecendo muitos elogios. Desde o primeiro Trine que eu me encanto com sua saturação e contraste elevados e toda a beleza da arte gráfica presente nos cenários. Os detalhes estão presentes mesmo em elementos distantes do primeiro plano e isso é algo que compõe o cenário de forma mais rica e empolgante. Vejam alguns prints (dá até pra usar de plano de fundo da área de trabalho).

O jogo tem modo solo, coop local e online e multiplayer. Você pode alternar entre os heróis a qualquer momento no modo solo e para os demais, pode selecionar no início da história se deixará livre a seleção dos personagens por todos os jogadores (modo ilimitado, com um a quatro jogadores) ou se cada um deverá usar um herói diferente dos demais da partida (modo clássico, com um a três jogadores). Isso pode definir o nível de dificuldade e possibilidades dentro do jogo e novamente, permite um estilo de gameplay muito único. 

A interação entre os personagens existe mesmo quando você está jogando sozinho, mas geralmente acontece durante o início ou fim dos capítulos ou diante de uma situação importante para a história. Esses diálogos incluem fatos da narrativa e até mesmo recordações das campanhas anteriores, com um senso de nostalgia e humor.

A experiência de jogar em coop local é muito boa e economiza um tempo na solução de puzzles e deixa o game mais divertido e dinâmico. Mas para uma melhor experiência eu recomendo que todos os jogadores estejam em níveis próximos de habilidade no game, pois isso vai definir o quão sincronizados vocês estarão e consequentemente, terão estratégias mais assertivas durante desafios mais complexos.

A progressão fica mais interessante quando você tira proveito das habilidades de cada herói em conjunto, o que é facilitado com jogatinas coop. Amadeus pode invocar objetos que ajudam você a alcançar locais mais altos, atravessar passagens ou até mesmo golpear inimigos e paredes. Pontius é o porradeiro da turma e por isso mesmo é meu favorito para os momentos de combate. Além disso, ele também possui um escudo que é fundamental para a progressão de alguns trechos, refletindo raios de luz, replicando cascatas de água ou protegendo de bolas de fogo. Zoya é uma arqueira super ágil, com quem eu joguei a maior parte do tempo, também por conta da utilidade das suas flechas de gelo e fogo.

Cada herói possui um valor único na solução dos puzzles e o jogo faz com que você reconheça a importância da particularidade de cada um, ainda mais quando o desafio exige que você junte os poderes dos três para seguir adiante. Essa situação acaba sendo melhor aproveitada a partir do ato 4, pois até o ato 3 os puzzles sofrem pequenas alterações e tendem a seguir um padrão de resolução muito similar, independente da variação de cenário, provocando a sensação que o jogo é pouco desafiador. 

Trine 4 introduziu o elemento de combate na franquia e nesse ponto eu vou ser sincero: é ruim no começo, mas melhora ao longo do jogo. O combate tem uma justificativa até mesmo narrativa, mas demorou um pouco para eu me conformar com a jogabilidade travada e limitada no início. Antes da Zoya adquirir novas habilidades, eu só considerava o Pontius para esses momentos. Amadeus foi meu médico o jogo inteiro, pois ajudava a ressuscitar os demais heróis. Um ponto facilitador entretanto, é que os inimigos possuem fogo amigo entre si, então você acaba tendo menos trabalho. Até certo ponto da história, a sensação é de querer acabar logo a luta e seguir adiante. Mas atenção, eu recomendo fortemente que você se adapte e aprenda a lutar pelo menos com Pontius e Zoya e a esquivar com Amadeus, pois nas batalhas mais avançadas você não terá muita escolha e poderá morrer com facilidade, o que te obrigará a voltar tudo do começo. Com o tempo você pega o jeito e o combate fica menos problemático.

O jogo apresenta ainda um esquema de progressão, que pode ser ativado automaticamente com a sua experiência em batalhas ou com os pontos que você coleta ao longo do caminho. A maioria das opções fazem parte da narrativa e são essenciais para a continuidade da gameplay, mas você pode optar por alguns extras, que trazem benefícios principalmente durante os combates.

Trine 4 busca por dois públicos: aquele que já está familiarizado com a franquia e quem nunca jogou o game antes. Como alguém que já jogou todos os títulos anteriores, me senti revisitando um parque de diversões, que foi reformado e recebeu alguns brinquedos novos.

É um jogo muito agradável para quebrar um pouco a cabeça, relaxar (só passei raiva com um puzzle, que acabei acertando sem querer hahaha) e até mesmo introduzir as crianças no mundo dos games, por não ser extremamente difícil, ter uma trilha sonora bem construída e agradável, um tom de fábula que certamente irá agradar os mais novos e uma jogabilidade extremamente responsiva, esteja você jogando com controle ou mouse e teclado.

O jogo está bem otimizado para o PC, mas pode exigir um pouco da sua placa de vídeo, pois existem muitos recursos de reflexos, texturas e a gameplay pode ficar bem frenética. Não é o jogo mais pesado do mundo, mas é um dos mais bonitos que eu já joguei. Na minha máquina tenho uma configuração intermediária: RX570 4gb + processador Intel i5 7400 + 16gb RAM e foi o suficiente para rodar com tudo no máximo sem dificuldades, depois do primeiro patch.

 

Confira abaixo os requisitos mínimos para o PC

Requer um processador e sistema operacional 64-bit 

SO: Windows 10

Processador: Intel i7-4770 ou AMD FX-8350

Memória: 8 GB RAM

Gráficos: NVIDIA GeForce GTX 960 ou AMD Radeon R9 280

DirectX: Versão 11

Armazenamento: 16 GB de espaço disponível

Trine 4 é um jogo que não inova muito em relação à toda a franquia, mas que faz muito bem tudo que construiu até aqui. É divertido e pode ser desafiador em alguns momentos, em que desenvolve as suas habilidades criativas. Está mais do que recomendado para quem curte jogos de plataforma, seja você um primeiro visitante de Trine ou um fã da saga.

 

Confira o trailer de lançamento:

 

*A cópia da Steam para essa análise foi fornecida por Theogames.

Post Author: GiovanniT

Estudante de jornalismo e gamer desde sempre. Quando criança teve apenas um Dynavision e um PC razoável. A felicidade maior foi quando conheceu a Steam e comprou seu Xbox One. Gamertag/Live: Dukalav

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