No último dia 26, a Rockstar Games lançou Red Dead Redemption 2, continuação de sua aclamada aventura pelo faroeste. O game de 2010 foi um sucesso absoluto, apresentando extrema qualidade técnica para a época, além de proporcionar uma experiência única aos jogadores. Com este background, a produtora possuía grande responsabilidade com o segundo título, que não apenas seria seu primeiro game construído inteiramente para a nova geração, como também teria a missão de superar seu antecessor e o estrondoso GTA V, o maior lançamento da área de entretenimento de todos os tempos. Será que o título atende às expectativas?
Como era de se esperar, Red Dead Redemption 2 é um dos melhores jogos dessa geração, senão o melhor. O visual é de tirar o fôlego, a riqueza de detalhes é espetacular, o áudio e as animações são extremamente bem trabalhados, tudo foi criado com extremo cuidado para proporcionar uma nova experiência única aos jogadores. Gustavo Biazoli e eu destrinchamos tudo o que foi possível, e chegou a hora de conferir tudo isso mais a fundo.
Antes de Marston…
Você controla Arthur Morgan, membro da gangue Van der Linde, praticamente braço direito de Dutch, sendo um dos mais antigos integrantes. O game começa durante sua fuga após uma tentativa falha de assaltar um banco em Blackwater, onze anos antes do primeiro Red Dead Redemption. Em meio a muito neve, você vai conhecendo um pouco mais dos seus companheiros, tendo agradáveis surpresas caso tenha jogado o primeiro título. Figuras conhecidas vão se apresentando, como Bill Williamson, Javier Escuella e o próprio John Marston. Procurados em todo o país, a gangue está em constante fuga, em uma época onde os antigos costumes de foras da lei vão dando lugar a leis rígidas e a industrialização que começa a chegar ao novo mundo.
O enredo é muito cativante, e cada personagem que participa da aventura de Arthur tem muito carisma. A construção da narrativa é complexa, mostrando motivações e apresentando camadas, de modo a demonstrar como nem tudo é preto no branco. Estar em fuga enquanto tenta manter todos unidos é uma experiência bem intensa. Além disso, ver velhos personagens mais jovens não tem preço, com destaque para John Marston, que se mostra mais inocente e menos experiente quando comparamos com o homem maduro e muito bem resolvido do primeiro título.
Arthur se mostra um personagem bastante forte e muito experiente. Ele é sempre aquele que resolve os problemas dentro da gangue, gerenciando os membros nas mais diversas situações. As mecânicas de honra estão de volta aqui, e agora acompanhadas de escolhas em algumas missões, dando ao jogador um certo grau de controle para construir que tipo de personagem Arthur será em seu mundo.
Um Verdadeiro Simulador (Ou Quase)
Há uma quantidade absurda de mecânicas no game, que o fazem parecer um verdadeiro simulador, ainda que haja algumas ressalvas para manter a diversão. É necessário se alimentar e hidratar para manter as bases de vida, fôlego e do Dead Eye (Olhos da Morte, em Português) em dia, permitindo que você tenha mais resistência a danos, que possa correr por mais tempo, e que seu Dead Eye dure mais. Sua higiene pessoal também é importante, já que isso rege a maneira como os NPCs o tratarão. Mantenha-se limpo para sempre ser visto com bons olhos pelas pessoas.
Seu cavalo também possui as próprias estatísticas, e deve ser mantido limpo e alimentado para que fique saudável e dê o melhor de si. Esses cuidados também aumentam o vínculo entre vocês, fazendo-o ficar mais forte e mais rápido. Você ainda deve tomar cuidado durante missões ou combates, já que seu fiel companheiro pode morrer, comprovado por experiência própria.
RDR2 traz ainda muitas atividades extras ao jogador. Clássicos mini-games como Poker, Dominó ou aquele sinistro jogo da faca podem ser encontrados em vilas e cidades, assim como shows e espetáculos de mágica e stand up. A caça e pescaria – atividade que certamente se tornará recorrente à maioria dos jogadores -, ganharam uma atenção especial contribuindo ainda mais com o realismo e imersão do jogo. A “visão de águia” foi adicionada aprimorando o sistema de rastreio. Existe iscas especificas para certas especies de animais assim como fórmulas capazes de camuflar o cheiro “humano” de Arthur, sendo um auxilio durante a caça. Quer uma dica para pegar um peixe em especial? Procure comprar um jornal na cidade, é muito provável que um velho pescador tenha algo a lhe dizer.
Talvez um dos pontos que tornem o mundo de RDR2 tão vivo seja os frequentes encontros durante o jogo. É possível ser emboscado por bandidos ou membros de gangues rivais no meio da estrada ou ainda receber pedidos de ajudas que exigem uma rápida compreensão da situação. Mendigos pedindo esmolas, pessoas perdidas ou feridas pedindo carona ou simplesmente alguém querendo uma companhia para conversar ou iniciar uma pequena competição. Podem ser acontecimentos únicos com recompensas imediatas como frequentes que resultarão em uma pequena side quest. É tudo de forma tão natural que chega a ser impressionante pensar que ocorrem de forma aleatória durante o gameplay.
Todas essas mecânicas fazem o jogo ser um tanto lento, já que diversos tutoriais acontecem nas primeiras dezenas (sim, dezenas) de horas do game. Esse ritmo mais devagar, no entanto, também foi pensado como parte da experiência: o mundo de RDR 2 é riquíssimo em detalhes e muito vivo. Ter a paciência de lidar com a vagarosidade do título te presenteia com momentos deslumbrantes, como o da imagem acima. Todos esses detalhes tornam tudo muito especial, e é hora de falarmos um pouco a respeito.
A Riqueza de Detalhes
O maior trunfo de Red Dead Redemption 2 é, como dito anteriormente, sua riqueza de detalhes. Não apenas temos uma quantidade massiva de mecânicas e, portanto, preocupações para nos mantermos no game, como também tudo isso é feito com detalhismo absurdo.
As transições entre uma animação e outra são sutis, tendo uma cadência que nenhum outro jogo apresentou. As roupas balançam ao vento, e reagem aos movimentos do jogador, podendo ficar sujas ao passar por estradas de terra seca ou enlameadas, assim como seu cavalo. Ao pegar um item no inventário, Arthur leva sua mão à bolsa. Ao subir no cavalo, as armas que leva nas costas são colocadas na sela. O chapéu do protagonista pode cair em uma luta ou tiroteio. É assustador imaginar o quanto os desenvolvedores trabalharam para que o game apresentasse esse alto nível de detalhe.
Red Dead Redemption 2 pega o que os jogos mais aclamados têm de melhor e eleva a um novo nível. Isso nos leva a discutir sua importância nesta geração de consoles, ou até mesmo na história dos games.
O Game do Ano (Ou Até Mesmo da Década)
O novo game da Rockstar é tudo aquilo que prometeu e mais um pouco. É um prazer indescritível cavalgar até a próxima missão vendo e ouvindo o mundo vivo, detalhado e intenso construído pela produtora. Red Dead Redemption 2 definitivamente chega com força no páreo pelo prêmio de jogo do ano, e facilmente pode ser considerado o jogo da década. Se você é fã dos jogos da empresa ou de jogos de mundo aberto em geral, RDR 2 é uma compra obrigatória. Caso tenha paciência de lidar com o ritmo lento e o longo tempo de campanha que o título apresenta, vivenciará uma das melhores experiências já desenvolvidas para os videogames.
PRÓS: Gameplay extremamente bem trabalhado, com uma história cativante, personagens carismáticos e um nível de detalhes absurdo.
CONTRAS: O ritmo lento e a extensão do game podem afastar jogadores menos pacientes ou com pouco tempo para dedicar ao título.
Red Dead Redemption 2
Desenvolvedor: Rockstar Games
Lançamento: 26 de Outubro de 2018
Plataforma: PS4 e XBOX ONE
Gênero: Ação-Aventura
NOTA FINAL: 10.0
Este review foi realizado com uma cópia física cedida pela Ecogames.