Jogador Nº1: Um baú de referências

Imagem: Divulgação

Se você se considera um gamer ou geek viciado em referências certamente ficou sabendo do lançamento do filme Jogador Nº1. Dirigido por Steven Spielberg, tem o roteiro inspirado no livro Ready Player One, escrito por Ernest Cline. O filme lançou no dia 29 de março, bem próximo de Tomb Raider: A Origem, que o JT também fez análise.

Ao contrário de Lara Croft, Wade Watts – interpretado pelo ator Tye Sheridan – chamou bastante atenção e conseguiu vender mais ingressos, ao menos na percepção que eu tive, quase um mês após o lançamento. Os trailers de divulgação são mais que suficientes para criar hype em qualquer apaixonado por games e cultura pop. Dê uma conferida:

A história se passa no ano de 2044, quando grande parte da humanidade acessa a realidade virtual do jogo OASIS, onde têm plena liberdade para ser quem desejam e para fazer o que querem, desde conversar em um bar até lutar contra robôs em outro planeta. Essa realidade é o refúgio de Wade, que vive no subúrbio com sua tia e o namorado dela. O enredo acompanha Wade bem de perto e mostra o valor que o game tem em sua vida, onde é conhecido pelo nickname Parzival. A narrativa é ampliada conforme os jogadores mais próximos dele são apresentados. Tidos como verdadeiros amigos que ele fez dentro do OASIS, realmente têm importância no filme e participam de forma significante nas batalhas e descobertas de enigmas.

O mote do filme é a realização de três atividades, que quando completadas dão ao jogador uma chave e a uma pista que levarão até o Easter Egg final. O vencedor herdará um prêmio trilionário, bem como o controle total do OASIS.

Na contramão de Wade e seus amigos temos a IOI. Uma empresa terceirizada que fornece serviços para o OASIS e seus jogadores. É comandada por Nolan Sorrento (Ben Mendelsohn), que busca as chaves com o intuito de controlar o OASIS e torná-lo pago. No filme esse simples objetivo foi transformado em uma estratégia de negócio que prevê pop-ups e advertising no game, tomando a visão dos jogadores poluída e forçando-os a comprar itens que aparecem para liberar o espaço na tela.

A dublagem do filme ficou muito boa e consegue reforçar as ações e emoções vividas pelos personagens. A trilha sonora então nem se fala. As músicas, os efeitos sonoros e toda a produção de áudio exerce um papel muito importante para a própria valorização do roteiro e inegavelmente, são referências por si mesmas, contanto com clássicos como Take on me de A-ha e Jump, do Van Halen.

 

Referências

Fala Joystickers, Renan aqui para falar do trabalho incrível de referências que Jogador Nº1 fez. Nos manteremos apenas naquilo que foi mostrado no trailer acima, para evitar qualquer tipo de spoiler.

Por muito tempo, já se discutia o quão interessante seria se houvesse uma adaptação cinematográfica do livro. Porém, devido a quantidade massiva de referências aos mais diversos universos de quadrinhos, games, tecnologia, ficção científica e afins, e justamente por necessitar de diversas licenças dos mais variados estúdios, acreditou-se que essa era uma tarefa impossível. Como vimos, Spielberg teve influência o suficiente para fazer isso acontecer. Jogador Nº1 apresenta referências de cabo a rabo, e é do tipo de filme no qual uma piscada pode lhe fazer perder uma delas. 

Aos 43 segundos, já somos surpreendidos com o Mach 5, carro do protagonista Speed Racer, da animação de mesmo nome de 1960. Ao mesmo tempo, praticamente ao lado do Mach 5, está o primeiro Batmóvel dos cinemas, de 1966. Seguido deles, vemos também o DeLorean, carro de De Volta para o Futuro. Mais um veículo lendário faz aparição em 1 minuto e 23 segundos: a moto de Kaneda, protagonista do manga e anime Akira, de 1982, é pilotada por Art3mis.

King Kong dá seu alô aos 1 minuto e 53 segundos, em um pulo sincronizado com a música Jump. A partir de 1 minuto e 56 segundos, prepare-se para uma explosão de aparições. Battletoads, Overwatch, Street Fighter, Batman, Halo, Mobile Suit Gundam, Chucky, Gigante de Ferro, e muitos, muitos outros. Nem mesmo colocando o vídeo em um quarto de velocidade é possível encontrar todos. Fora a própria temática em si, que lembra muito Tron: Uma Odisseia Eletrônica. Por fim, o último Easter Egg notável do trailer e do próprio filme é seu principal item: o Ovo Dourado. Santa referência, Batman! Jogador Nº1 é digno de arrancar lágrimas de nostalgia de cada um de nós. 

O fato do filme ser uma mídia visual rendeu mais poder no quesito de Easter Eggs do que o livro. Tanto no fator quantidade como de qualidade. Seja pela falta de conhecimento de seu autor ou por questão de direitos autorais, o livro se apoia em alguns Easter Eggs menos impressivos ou menos famosos, como os games Zork e Black Tiger, famosos nos anos 80, mas que são desconhecidos para leitores mais novos. O longa possui referências de personagens e figuras de mídias atuais e de grande apelo com o público jovem, como Tracer de Overwatch e Master Chief de Halo.

 

 Livro x Filme

Opa, aqui é o Julian! O cara que escreveu esse review massa pediu pra que eu falasse um pouco sobre o livro. Jogador número um (Ready Player One, em inglês) foi lançado em 2011 pelo escritor Ernest Cline. Esse foi o primeiro livro dele. O segundo, Armada, já teve os direitos para o cinema comprados, inclusive. Como todo conteúdo transmídia, há varias diferenças entre o livro e o filme, o que faz valer muito a pena ler e assistir o filme, ou assistir o filme e ler, se você preferir. Senti que foram mudados alguns pontos chave na adaptação para o cinema. O filme é mais ágil e condensado. Você precisa pensar menos para entender as referências. O plot é mais “na cara”, como todo filme moderno.

Durante a leitura, dá para perceber melhor a relação dos personagens com o OASIS. Temos mais detalhes de como o jogo tornou-se o ponto de encontro da grande maioria das pessoas vivendo naquele contexto quase pós apocalíptico. Me peguei várias vezes imaginando como seria se o OASIS fosse algo real, e como seria meu avatar. Acho que seria bem parecido comigo…

Gostei da adaptação, apesar das diferenças em pontos cruciais da história, o que torna a leitura de Jogador Número 1 uma experiência diferente e super válida. Se eu tivesse quer escolher, diria que o livro é melhor que o filme, mesmo sendo um filme do mestre Spielberg!

Olá leitor! Aqui é O Crítico e eu consumi tanto o livro quanto o filme. O livro ganhou uma adaptação soberba e gananciosa pelas mãos de Steven Spielberg, diretor que sabe fazer melhor do que ninguém um filme de aventura para todos os gostos. E o resultado, diga-se de passagem, se sai melhor do que o do livro, ao menos em sua execução.

A obra original lançada em 2011 fez determinado sucesso sendo um raro exemplo de livro do gênero LitRPG (categoria literária com elementos de MMORPGs a la World of Warcraft). Somos apresentados a um mundo distópico assolado por uma crise de energia, alimentos e precariedade urbana. A escapatória das pessoas vem na forma do OASIS, uma realidade virtual com elementos de MMORPGS que traz tudo o que um geek pode sonhar. Cada filme, desenho, anime, jogo, livro e série possui seu próprio planeta ou mundo onde jogadores e visitantes podem entrar e participar ativamente de sua obra favorita realizando quests, se relacionando com personagens e atores recriados virtualmente. Você pode obter itens e skins destes mundos. Quer a metralhadora de Tony Montana? Sem dúvida há um mundo onde é possível reviver o filme Scarface e obter a arma. Quer a armadura de Samus Aran, de Metroid? Sem dúvida ela existe no OASIS e é funcional.

Além do entretenimento, o OASIS serve também como fonte de escolas e trabalhos. Elemento este praticamente não abordado no filme, em razão do storytelling. Acredito que a mera menção deste elemento podia ter sido ser feita.

 

Do que mais gostamos…

Atuação

Trilha sonora

Efeitos visuais

Cenas exclusivas do filme

Easter Eggs antigos e atuais

 

E do que não gostamos tanto assim…

Simplificação do plot

Ausência de acontecimentos importantes do livro

Mudanças na protagonização

Ausência de backgroud de personagens

Muitos Easter Eggs para pouco tempo

 

Conclusão

“A direção de Spielberg trouxe aquele gostinho dos filmes clássicos que a gente assistia na infância, mas ao mesmo tempo, justamente por isso, tudo ficou um tanto raso, com cara de Sessão da Tarde, sendo que havia potencial para um plot mais complexo.” – Renan da Silva Dores

“O filme mostra a união que os jogos provocam entre as pessoas e traz Easter Eggs até mesmo para os mais novos. Entretanto, por conter tantas referências, umas receberam muito mais destaque que outras, tirando o brilho de algumas aparições.” – GiovanniT

“O saldo é de um filme mais bem feito, trabalhado e escrito do que a obra original, devido à longa experiência de Spielberg com o meio e à co-escrita do filme pelo atualmente mais maduro, Ernest Cline, e que embora possa incomodar aos adoradores mais puristas da obra (que não era lá um grande livro), certamente vai satisfazer e muito conhecedores ou não da obra original.” – O Crítico

“Eu AMEI a cena do filme O Iluminado. É algo que não tem no livro. Por outro lado, houve uma simplificação do plot da produção em relação ao livro. São mudanças que tornaram o filme mais “fácil” de fazer. Além disso, você passa quase toda a leitura para encontrar os personagens na vida real.” – Julian Camargo

Outras informações

Segundo matéria do site The Hollywood Reporter publicada no dia 06/04, a produção arrecadou US$300 milhões em todo o mundo na primeira semana de exibição. Ainda de acordo com o site, esse é o primeiro filme do Steven Spielberg que atinge essa marca, desde 2011. O longa já foi avaliado por mais de cem mil usuários do IMDb e até o momento está com nota 7,8/10.

Como conteúdo bônus, o site oficial do filme apresenta muito mais do que um trailer. Ao acessar a página é possível ver alguns vídeos, pôsters, ler páginas de jornal e revista presentes no filme e até mesmo jogar alguns games, como Defender e Robotron: 2084. Acesse aqui e descubra.

Para fechar com chave de ouro, veja o vídeo a seguir, onde Ernest Cline e Steven Spilberg contam um pouco sobre a experiência de produzir esse filme.

Eaí, quantas vezes você acha que precisa assistir ao filme para pegar todas as referências? Deixe nos comentários o que você percebeu e esquecemos de falar.

Essa análise foi realizada com a colaboração dos Joystickers Julian Camargo, Renan da Silva Dores e O Crítico.

Post Author: GiovanniT

Estudante de jornalismo e gamer desde sempre. Quando criança teve apenas um Dynavision e um PC razoável. A felicidade maior foi quando conheceu a Steam e comprou seu Xbox One. Gamertag/Live: Dukalav

1 thought on “Jogador Nº1: Um baú de referências

    lara

    (7 de fevereiro de 2019 - 11:15)

    Esse filme é basicamente uma homenagem a toda a cultura pop dos anos 80. E isso é incrível! Eu adorei principalmente os easter eggs deste filme que são mais de 100. Um dos melhores filmes de 2018 para mim e, ainda do meu gênero favorito. Excelente filme! Tinha escutado muitos elogios e depois de ver devo de dizer que realmente essa animação é excelente e muito criativa. O filme jogador n1 é uma viagem cheia de diversão, emoção e aventura, como todos os filmes do steven spielberg. Filme maravilhoso em todos os aspectos. Tem uma grande animação e uma trilha sonora muito bem elaborada. É um filme feito para crianças, mas seguramente vai agradar aos adultos.

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