PlayerUnknown’s Battlegrounds Mobile – Conferindo

E aí Joystickers, tudo certo?

Tela inicial na versão mobile

Nos últimos meses, vimos uma verdadeira explosão de títulos do gênero chamado Battle Royale, em que 100 jogadores são lançados em um amplo mapa para recolherem recursos e competirem entre si para ver quem será o último a se manter vivo. O título que despontou tamanha comoção foi PlayerUnknown’s Battlegrounds, título do estúdio PUBG Corporation, lançado em 21 de dezembro de 2017. Por muito tempo, o game esteve na Steam em acesso antecipado, de modo que os desenvolvedores pudessem realizar correções e melhorias por meio do feedback dos jogadores. O título recebeu diversos prêmios, e figurou na lista de concorrentes a Jogo do Ano, perdendo para o todo poderoso The Legend of Zelda: Breath of the Wild.

Se você escutou nosso podcast de melhores jogos de 2017, deve saber a opinião que tenho a respeito de PUBG: mesmo lançado, o jogo tem uma cara de inacabado, sem falar das falhas de Game Design do projeto, e da má otimização nos PCs. Ainda assim, é inegável que as mecânicas são divertidas de fato, e caso houvesse mais empenho e investimento no jogo, provavelmente seria um título essencial em sua biblioteca.

PUBG nos PCs

Menu do game, na versão PC.

A versão PC já se encontra bastante estabilizada, apresentando muitos recursos ainda ausentes na versão mobile, sendo servidores dedicados na América do Sul um deles. De cara, após jogar a versão para celulares, a diferença gráfica é gritante: ainda que PUBG não seja exatamente um jogo excepcionalmente bonito, a riqueza de detalhes, filtros e iluminação na versão para desktops é notável.

O menu de configurações gráficas no PC.

Nas configurações gráficas, temos opções bastante genéricas, como vegetação, sombras e texturas. Em nosso teste, rodamos o game no ultra, em um PC com um processador Intel Core I7 4790, 16 GB de RAM e uma NVIDIA GeForce GTX 980. Apesar das configurações robustas, quedas de frames ocorriam em determinados momentos, especialmente em ambientes internos (provavelmente pelo aumento de objetos renderizados), o que demonstra um dos principais problemas do game:  a má otimização, ao menos em sua versão para PCs.

Lobby no PC. Note o delay de renderização no chão.

É possível notar de primeira também o delay de renderização dos objetos, extremamente decorrente durante toda a jogatina. Fora isso, a interface ainda apresenta um ar de versão Beta, e as fontes utilizadas não tem o menor apelo visual, como o trecho “A PARTIDA INICIA EM”, que pode ser visto na imagem acima. Mesmo a fonte principal do jogo apresenta algumas falhas, especialmente em nosso idioma, em relação aos caracteres especiais, como letras com acento e o estranho “ç”. Analisando todos esses comentários técnicos, você deve estar falando “poxa, como você é chato, rapaz! Fica se apegando a esses detalhes!”. Digo a você leitor que realmente pode parecer que estou sendo chato, mas analise comigo: o jogo esteve em acesso antecipado por meses, demorando muito tempo para ser lançado, e apresentando essas falhas desde sempre. Fora isso, você está pagando um valor considerável por ele, não acha que diante desses fatos devíamos realmente cobrar todos esses detalhes?

De qualquer forma, deixando esses detalhes de lado, vamos então à jogatina! A mecânica Battle Royale popularizada por PUBG é inegavelmente divertida. A experiência como um todo é bastante prazerosa: a tensão de se equipar com bons itens e de acabar cruzando com novos jogadores, a exploração dos cenários justamente para caçar itens, o planejamento de uma estratégia para a partida. Todos esses fatores te fazem sentir um verdadeiro sobrevivente. E como é divertido estar no meio desse turbilhão! O fato de que não há respawn torna tudo mais intenso, e a recompensa por derrotar um jogador inimigo ainda maior.

Mas, como nem tudo são flores, vamos discutir novamente os detalhes. Desta vez, no entanto, não são exatamente detalhes. A primeira falha grave apresentada pelo game é a ausência de um tutorial ou algum tipo de explicação das mecânicas do game, bem como de fatores importantes para a jogatina. De que modo o jogo te mostrou quais são os controles? Você sabia que os equipamentos têm três níveis de qualidade? Caso saiba, como descobriu isso? Uma das regras do Game Design é apresentar ao seu jogador todas as mecânicas e ferramentas que estão à disposição dele para que o game seja jogado, e PUBG erra feio nesse quesito. Não estamos mais em um estágio de acesso antecipado para que isso se justifique, e mesmo que estivéssemos, também não haveria justificativa, pois essas decisões de Design são feitas no início do desenvolvimento de um jogo. Além disso, há ainda outros detalhes que atrapalham a jogatina, como o fato de que os marcadores que você adiciona no mapa só aparecem na bússola. Isso dificulta sua localização, já que você não tem uma noção exata de onde está seu destino sem ter de ficar olhando o mapa a cada cinco minutos. Colocar os marcadores no próprio cenário já resolveria este problema, e tornaria a jogabilidade melhor.

Ainda assim, apesar de todos os pesares, como eu havia dito, a experiência é bastante divertida, e caso você não se importe com as falhas, ou mesmo que se importe assim como eu, recomendo a jogatina, especialmente se tiver algum amigo para te acompanhar, é uma sessão de risadas e de bom papo garantido.

Mas e no celular?

Menu do game, no celular.

No celular, a experiência surpreendentemente se mantém a mesma, apesar das limitações óbvias. Graficamente o impacto é grande, já que o detalhamento é menor, a iluminação apresenta menos efeitos, e não há filtros visíveis aplicados sobre a imagem. No mobile, o game apresenta um tutorial bem escondido, apenas por texto, o que já é algo louvável, considerando a ausência disso na versão PC. Há a possibilidade de jogar sozinho, em dupla e em esquadrão (definida como padrão), opções também bem escondidas no botão abaixo do “Start”. Você pode chamar amigos para compor seu esquadrão, e o login com o Facebook facilita isso, apesar de que uma conta que unifique as plataformas faz bastante falta: acabei tendo de criar um novo avatar, sem a possibilidade de carregar o save que eu possuía no PC.

O menu de configurações gráficas no celular.

Se no PC as opções gráficas eram limitadas, no celular é ainda pior. Até o momento da finalização deste artigo, a qualidade máxima disponível era HD, sendo o Ultra HD uma promessa para uma futura atualização. Em nossos testes, usamos um aparelho munido de um processador Qualcomm Snapdragon 835 e 6 GB de RAM. Diferente dos PCs, aqui tudo parece melhor otimizado. Contudo, vale notar que o frame rate é travado em 30 FPS que, justiça seja feita, se mantém durante toda a jogatina, mesmo em momentos mais intensos.

Lobby na versão mobile.

Curiosamente, a interface mobile aparenta ser melhor planejada e trabalhada do que a versão para desktops. Note como a fonte utilizada aqui casa muito melhor com o visual geral apresentado pelo game. Em relação aos caracteres especiais, ainda não dá para saber se esse problema foi resolvido, já que até o momento o PUBG mobile está disponível apenas em Inglês e Mandarim. É legal ver que alguns dados do celular, como bateria e conexão, são mostrados diretamente no jogo, impedindo que você perca a noção do estado do seu aparelho e acabe sua jogatina mais cedo por falta de bateria. Os controles também são bastante responsivos e bem posicionados, apesar de algumas vezes você acabar apertando o botão de atirar sem querer, quando na verdade queria apenas mover a câmera. Isso tudo é configurável nas opções do game.

Em relação ao gameplay, temos os mesmo problemas que na versão para PCs: ausência de tutorial mais explícito, problemas com os marcadores no mapa, entre outros. É algo muito incômodo, e bastante inaceitável do ponto de vista de um desenvolvedor. De qualquer forma, se você está acostumado com o game, isso não deve te atrapalhar. No geral, a experiência mobile é bastante agradável, mantendo um frame rate estável, conservando a experiência original e apresentando um visual ok, considerando as limitações que os celulares possuem. Ainda assim, alguns problemas precisam de correções: durante o modo espectador, ativado após sua morte, para acompanhar membros do seu esquadrão, glitches horríveis acontecem, com o jogo recarregando todos os elementos do cenário de novo, algo bastante estranho. Outro problema é a ausência de servidores em nossa região, já que até o momento somente existem servidores na América do Norte, Asia e Europa. Isso é muito problemático – cheguei a entrar em partidas com o ping batendo a casa dos, pasme, 900 ms.

Abaixo, segue um comparativo gráfico de ambas as versões. É realmente assustador ver tamanha diferença, mas durante o gameplay é algo completamente imperceptível. O jogo continua sendo divertido, e passando a mesma sensação de sobrevivente que sua versão para desktops. Para se ter uma noção, algo curioso aconteceu comigo: durante os testes, cheguei a perder a hora de um compromisso por estar distraído no meio da jogatina. A portabilidade da versão mobile foi o principal culpado nesse caso. Em resumo, a experiência mobile parece mais acertada mesmo frente às limitações, e a recomendação permanece a mesma da versão PC, especialmente se você já é fã de PUBG.

Segue também um vídeo de gameplay que gravei durante os testes para que você tenha um gostinho do que esperar. Peço desculpas pelos problemas de áudio, ocorreram devido a limitações do Android, pelo menos em sua versão 8.0, que me impediram de gravar o som interno do aparelho, e me obrigaram a gravar o som usando os microfones externos. Os dedos acabaram atrapalhando a captação, fora os sons externos dos quais não temos controle. Também é possível notar no final do vídeo os problemas que os servidores vêm enfrentando nesses primeiros dias de lançamento, e o ping absurdo que tive, passando dos 960 ms. Você pode baixar a versão mobile de PUBG para Android aqui e para iOS aqui.




E você, leitor, o que achou de PUBG mobile? Concorda com minhas opiniões a respeito do game? Comente aí!

Post Author: Renan da Silva Dores

Renan é um desenvolvedor de jogos recém-formado pela PUC-SP, e joga desde que se entende por gente. Tem mais afinidade pelos exclusivos da Sony, mas se tivesse dinheiro o suficiente, teria todas as plataformas sem pensar. Ama ler, ouvir música, e é um aficionado por tecnologia, sendo secretamente um replicante (Cyberpunk na veia). Atualmente, dá aulas de inglês enquanto caça uma oportunidade no ramo de jogos.

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