Retro Review | Se aprofundando ainda mais no passado do fantasma de Esparta

Quando o primeiro God of War do PSP foi lançado, as pessoas em geral esperavam apenas uma experiencia a la GoW em um portátil, mas os gráficos já mostravam que ele possuía potencial semelhante aos de PS2, assim como violência. Então teríamos algo próximo de um episódio autentico, ao menos com respeito a jogabilidade. Mas a boa surpresa que poucos cogitaram é que o game teria uma trama tão boa que só enriqueceria a mitologia geral da saga, sendo posteriormente lembrada em GoW III. Não se espante, prequels são comuns no mundo dos games principalmente quando a produtora resolve lança-lo em um episódio paralelo para um console portátil. O passado de Kratos e seu confronto contra Perséfone, esposa de Hades, além do encontro com o titã Atlas e com sua filha no campo dos Elíseos foram acontecimentos que vieram para marcar o episódio Chain of Olympus, uma das melhores surpresas do pequeno Playstation. Com o fim da saga de Kratos em seu terceiro jogo numerado, sequencias cronológicas não poderiam ser esperadas (ao menos na época “GoW 4”  não era cogitado, muito menos envolvendo mitologia nórdica), mas o que não significava que o passado de Kratos não tinha mais memórias à revelar.

 

Ghost of Sparta é 25% maior que Chain of Olympus, e traz um dos melhores sistemas de segredos da saga. O templo de Zeus permite o jogador comprar segredos com seus Red Orbs sobressalentes (igual a Kripta dos MKs modernos). A compra de todos acaba desbloqueando um “final segredo” muito legal.

God of War: Ghost of Sparta é o segundo titulo da saga de hack’n slash para o PSP e o primeiro lançado após o terceiro episódio. Ocorrendo entre o primeiro e o segundo jogo, após a morte de Ares, Kratos se vê no posto de Deus da Guerra (embora ainda não possua a sua divindade como mostrado no final do game, explicando também do porque ele ainda morrer como um mero mortal). Visões de um oraculo diziam que a ruína dos Deuses seria causada não pelos Titãs, mas por um mortal com uma característica marca vermelha em seu rosto, e este presumidamente era Deimos, irmão de Kratos, que em suas lembranças havia morrido. O jogo inicia com o recém Deus indo para Atlantis, seguindo as lembranças de seu passado. Kratos acreditava que tal feito colocaria um fim a seus pesadelos, quais os deuses jamais apagaram. Em Atlântida, Kratos acaba por enfrentar a terrível criatura aquática Scylla, em sua batalha introdutória (como manda a tradição). Ao chegar em seu destino Kratos topa com sua mãe a muito tempo esquecida. Aprisionada, ela lhe revela que Deimos ainda vivia, mas antes que pudesse revelar a identidade do seu verdadeiro pai, ela se transforma em um monstro e Kratos acaba por ter de matar sua própria mãe, colocando mais um ato hediondo em sua lista de feitos por conta dos Deuses. O Espartano vai a todo vapor na busca de seu irmão, contrariando a vontade dos deuses e de Atena.

A trama do game acerta em cheio ao se aprofundar ainda mais no passado do nosso espartano. Se em Chains of Olympus pudemos ver um pouco de sua amargura ao se afastar de sua filha, aqui vemos Kratos tendo de lidar com sua família a muito esquecida. Esse episódio ajuda a entender o motivo de seu ódio pelos deuses em God of War 2.

O gameplay continua seguindo as mesmas regras da saga: hack’n slash do mais puro, quick time events, orbs para evoluir as armas e poderes e itens (olhos de górgona e penas de fênix) para aumentar sua barra de vida e magia. Ghost of Sparta traz pouquíssimas novidades. Dentre elas, temos as múltiplas seções onde Kratos deve deslizar sob rampas, exigindo algumas ações em QTEs e a substituição da “barra de itens” de Chain of Olympus por uma barra de fogo, utilizada por uma das novas armas. Temos 3 armas e 3 magias no jogo, embora a Thera’s Bane se comporte bem mais como um power-up ou magia. Quando ativado, a arma gera boosts de fogo nas laminas -consumindo a barra de fogo- que aumentam o dano das Blade of Athena. Sinceramente, parece uma ideia extremamente preguiçosa para uma nova arma, embora para o jogador que adora as laminas clássicas seja uma ótima ferramenta. A Arms of Sparta é possivelmente a mais diferente de todas até então. Um conjunto de lança e escudo usado por Kratos em seu tempo como soldado, imbuídas com o poder de Ares. Elas permitem ataques a distancia e defesas simultâneas, mas é de longe uma das armas mais estranhas de se jogar, embora seja uma das únicas armas do game a ter um propósito histórico envolvendo Kratos, tendo inclusive uma importância crucial para o final do jogo e até mesmo uma explicação para o sumiço em games posteriores, algo que poucas sequencias e/ou prequels se dão ao trabalho de fazer (ola poderes e armaduras de Mega Man). Alem disso, a Manopla de Zeus, de Chain of Olympus, também esta no game, mas na forma de um segredo.

Uma das melhores coisas em Kratos é justamente seus poucos momentos onde demonstra felicidade ou arrependimento.

Dentre as magias estão o “Eye of Atlantis“, artefato que dispara relâmpagos contínuos entre inimigos, o “Scourge of Erynis” que cria uma espécie de buracos negros imobilizando os inimigos, e o menos importante – embora ainda criativo – “Horn of Boreas“, que realiza pancadas de congelamento em área. Nada de arcos, escudos refletores ou cabeças de seres misticos. A seleção de magias aqui foi bem criativa, perdendo apenas para as magias de GoW III. Dentre os inimigos, temos os já conhecidos Centauros, Ciclopes e Legionários. Alguns inimigos novos e criativos como as bestas congelante de Boreas, Automatons mechas de aço que só podem ser feridos pela Thera’s Bane e o mais bizarro de todos, Geions gigantes de quatro braços que carregam rochas elétricas nas costas e podem se teleportar. Temos seis chefes ao todo, incluindo Scylla, a mãe transformada de Kratos e Erínea, filha de Thanatos, o antagonista principal do game.

Ghost of Sparta possui uma das mais diferentes e provavelmente melhores batalhas finais da saga.

Puzzles continuam sendo parte do gameplay (e não são tão chatos como os de Chains of Olympus). Os gráficos estão melhores, não apenas nos vistosos cenários, como Atlantis com seu exterior cercado de água e seu interior cheio de lava proporcionada por um vulcão, ou no Domínio da Morte, no templo de Thanatos (diferente do templo de Morpheus, em Chain of Olympus). O mesmo vale para Kratos, enquanto nos dois primeiros games reutilizaram os mesmos sprite, Ghost of Sparta não reciclou. Claro, para quem tem menor senso critico isso pode passar batido ou meso não ter importância, mas é uma evolução que merece ser apontada. A trilha sonora ainda faz bem o seu serviço, embora pareça ser menos impressiva do que em qualquer outro jogo. O mesmo ocorre no Voice Acting. Temos  Terrence C. Carson na voz de Kratos (como sempre) e Arthur Burghardt para Thanatos, mas Deimos dublado por Elijah Wood, o nosso adorado Frodo de Senhor dos Aneis, não se comporta muito bem com o porte do irmão do Deus da Guerra.

Ghost of Sparta traz poucas novidades, mas compensa fazendo muito bem o que a saga sempre fez de bom, é um gostinho a mais para o jogador que se sentiu carente depois de GoW III.

PRÓS: História envolvendo a família do Espartano, poderio gráfico do game e duração mais longa que seu predecessor.

CONTRAS: Falta de novidades mais expressivas.

God of War: Ghost of Sparta

Desenvolvedor: Ready at Dawn/ SCE Santa Monica Studio

Publicadora: Sony Computer Entertainment

Lançamento: 2010

Plataforma: PSP, PS3 e PS Vita.

Gênero: Ação-Aventura / Hack and Slash

NOTA FINAL: 9.3

Fonte das imagens:
http://www.mobygames.com/
http://www.youtube.com

Esse texto foi originalmente publicado no site Alvanista no perfil thecriticgames 

Post Author: O Critico

Aspirante a escritor, investidor e criador de gado. ​"Minha vida se resume a jogar tudo que existe de bom antes da morte..." Me procure no Alvanista http://alvanista.com/thecriticgames

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