Muitos pequenos BRs provavelmente sonharam em trabalhar com jogos desde os tempos de NES e SNES. Mas o mercado brasileiro ainda era fraco naquela época e ficava difícil imaginar que um dia passaríamos de simples consumidores para produtores. E de alguns anos para cá esse sonho – aparentemente impossível – se tornou realidade. Já temos algumas empresas de destaque nacional e até mesmo internacional, como a Aquirus, de Horizon Chase, o Behold Studios, de Chroma Squad e a JoyMasher, produtora do game de hoje: Oniken.
Imagine um cenário caótico à la Contra III. Pois bem, Oniken nos apresenta um mundo pós-apocalíptico devastado por guerras nucleares, onde uma armada cibernética ganha forças e passa a dominar o mundo. Uma pequena resistência liderada pelo general Zhukov tenta impedir que o pior aconteça e tudo poderia dar muito errado, não fosse a chegada do lendário mercenário Zaku, um homem sem passado que vaga pelo mundo com uma espada aniquilando todos os seres cibernéticos que encontra pelo caminho. Sim, a trama não é nada original, mas oferece uma homenagem viva aos anos 80, dentro e fora dos games. O cenário e o protagonista nos remetem à Hokuto no Ken e Mad Max. O que torna a trama mais chamativa são as cutscenes feitas com inspirações clássicas em títulos como Ninja Gaiden.
No game controlamos Zaku ao longo de 6 missões repletas de inimigos e obstáculos, com chefes e mini-chefes (totalizando aproximadamente 18). Zaku possui uma espada e algumas granadas que podem ser coletadas ao longo das fases. O personagem pode saltar, abaixar e se agarrar em barras posicionadas nas paredes. Em algumas seções o jogador pilota uma moto que dispara tiros infinitos enquanto desvia de obstáculos e inimigos que surgem de várias direções.
Zaku pode encontrar power-ups para a espada. Ao acumular 3 pontos as lâminas ficam energizadas até que o jogador seja ferido. Esse mesmo power-up permite ativar o modo “berserk” do protagonista, em que Zaku emite um brilho vermelho e realiza ataques muito mais poderosos, ao custo dos pontos de seu power-up.
Oniken se inspira em títulos clássicos como Contra, Ninja Gaiden, Strider, Kabuki Quantum Fighter, Vice Project Doom e Shaterhand. Portanto, a dificuldade é um elemento importante aqui. Você irá morrer várias e várias vezes até pegar o jeito, mesmo que ele seja razoavelmente mais fácil que os jogos citados acima. Em algumas áreas a dificuldade é menos abusiva, enquanto em outas apresentam um nível acima do normal. Você terá que encarar ninjas combinados com outros inimigos em uma fase florestal, por exemplo, onde as combinações de ataques se tornam virtualmente impossíveis de passar sem sofrer algum dano.
O game possui apenas 6 fases, mas não se preocupe, pois elas irão tomar um bom tempo por conta do desafio que oferecem. As telas são divididas em múltiplas áreas com múltiplos chefes. Essas áreas secundárias funcionam como um checkpoint e sempre que concluídas restauram a energia de Zaku. Agora, caso você perca todas as vidas, terá que voltar para o início do estágio.
Visualmente o jogo remete diretamente aos games 8-bits, com um estilo gráfico bastante bonito. Aqui cabe um destaque especial para as mutilações de chefes e inimigos, bem como as cutscenes, que ilustram muito bem as cenas e diálogos do jogo, com um bom dinamismo. Outro detalhe bacana é o filtro usado na tela para criar curvas e riscos que simulam a sensação de se jogar em uma TV de tubo.
A trilha sonora é ótima e pode ser apreciada individualmente ao comprar o game na Steam. Ela também remete a games clássicos, com um estilo que hora é sombrio e hora é frenético, em momentos intensos.
O game recebeu algumas atualizações, como alteração de sprites, acréscimo de um boss rush, adição de uma dificuldade extra, o HARDCORE MODE, onde só se tem uma vida, se recebe o dobro de dano e a energia não se recupera entre estágios. Como se já não bastasse, caso você morra, independentemente de onde esteja, terá que retornar para a primeira fase. Hardcore é pouco! O modo presenteia o jogador com um final secreto.
Talvez a melhor novidade do game esteja em uma sétima fase, em que controlamos Jenny, amiga de Zaku. Ela possui uma metralhadora (tornando a jogabilidade totalmente Contra Style) e deve seguir numa missão própria derrotando inimigos e chefes próprios, enquanto resgata reféns.
Passados os elogios, devemos dizer que o game não escapa de algumas falhas, como bugs com os controles. Quando a tela é trocada Zaku sai andando automaticamente para a morte. Alguns usuários relataram problemas para conectar controles (algo que já pode ter sido corrigido com um update a essa altura do campeonato). E apesar de ser um game brasileiro, ele não possui dublagem em PT-BR, apenas legendas.
No mais, Oniken é um game impressivo e bem desafiante. Com a ascensão da cena indie, Oniken pode ser facilmente considerado um título que não traz nenhuma proposta inédita, mas vale à pena ser jogado, principalmente por homenagear títulos antigos (algo que tem ressurgido na indústria de uns anos para cá) e oferecer um gameplay desafiador.
Oniken pode ser adquirido em um pacote na Steam que acompanha o segundo game da série: o incrível Odallus: The Dark Call, por R$26,98 ou individualmente, por R$9,99. Também está disponível uma versão demo.
Visite a página da produtora no site oficial: http://joymasher.com/oniken/
PRÓS: Visual 8-bits, batalhas contra chefes, desafio, cutscenes e pequenos secrets do game.
CONTRAS: Bugs com os controles durante o jogo e erros ao conectar joysticks.
Oniken
Desenvolvedor: Joymasher
Publicadora: Joymasher
Lançamento: 2012
Plataforma: Windows & Linux.
Gênero: Ação e plataforma (hack ‘n slash)
NOTA FINAL: 8.2